
A história das duas orquestras faz parte inerente da memória cultural do nosso estado e do nosso país.
São muito anos de muito amor e dedicação de seus músicos para com as duas instituições, que tem suas histórias de vida diretamente ligadas à existência destas orquestras.
Num primeiro olhar, algumas pessoas poderiam afirmar que seríamos concorrentes, ao contrário, sempre fomos parceiras e servimos, cada uma com suas características próprias, de parâmetro para outras orquestras que surgiram ao longo dos últimos 80 anos no nosso país.
O maestro Roberto Minczuk assumiu a OSB em 2006 e num primeiro momento nos fez acreditar que se empenharia para melhorar a condição profissional dos seus músicos e de aprimorar a programação da OSB.
Todos deram o voto de confiança ao maestro, público e profissionais.
Para nossa surpresa, ele resolveu aceitar o convite para ser diretor Artístico também do Theatro Municipal.
No nosso entendimento, tarefa impossível de ser conciliada. Dirigir duas instituições deste porte ao mesmo tempo é uma tarefa difícil, sem falar da ética profissional.
Não achamos salutar que as duas orquestras compartilharem da mesma direção.
É mais ou menos como ter um mesmo técnico de futebol para o Flamengo e o Fluminense. A situação se agrava quando ele também assume a direção de uma orquestra em Calgary, Canadá.
Não é difícil raciocinar que alguém iria sair prejudicado com todas estas atribuições.
E isto se faz notar no dia a dia das nossas instituições.
Reiteramos atraves desta a Assembléia Geral dos funcionários da FTM/RJ, que em votação unânime, decidiu pela saída do diretor artístico Roberto Minczuk, por sua constante ausência no seu local de trabalho.
Além de não conseguir dar conta das suas obrigações funcionais, ainda trouxe em sua bagagem mudanças que já provaram serem cruéis, desagregadoras, totalitárias e destruidoras de toda uma história de vida.
A programação artística do Theatro Municipal está muito aquém do que merecia esta instituição única no país. O abandono é total, os cancelamentos de programação são constantes e o desinteresse artístico para com a nossa instituição, evidente.
Fica muito claro que não existe da parte dele a vontade de fazer crescer nossa cultura ou de elevar a qualidade de nossas programações, isto exige dedicação exclusiva.
Mas os problemas não param por aí.
Em 2008 a FTM/RJ passou pela mesma crise que hoje passa a OSB. As mesmas justificativas torpes e mentirosas foram usadas para justificar uma tentativa de transformar a nossa instituição.
A pergunta que não quer calar é: Como estas instituições chegaram até aqui, com fama e glória, com temporadas memoráveis, tournées internacionais aclamadas pelo público, sem a presença dele?
A tal excelência proclamada por ele, nunca existiu? O público nunca soube diferenciar o bom do ruim?
A incompetência que ele tenta nos adjetivar não insulta somente a nós. Recai também sob o público que sempre nos prestigiou e nos aplaudiu, recai sobre os críticos musicais que escreveram nos elogiando, recai também sob os diretores, destas instituições, anteriores a ele, recai também sob os muitos solistas e maestros de renome internacional que sempre elogiaram estas instituições em suas participações com estas orquestras.
Toda uma existência é desmerecida com estas justificativas alardeadas por este maestro.
O exame de avaliação de desempenho, proposto por este maestro aos músicos da OSB, só nos comprova a incompetência dele mesmo.
O maestro que não conhece seus músicos em cinco anos de ensaios e concertos, não pode ser considerado um bom maestro.
O maestro que não aceita a permanência de músicos mais velhos em seus quadros e que não entende que as experiências musicais vividas por eles são fundamentais para os novos músicos poderem assimilar determinadas particularidades de nossa profissão, não pode ser considerado um bom maestro.
O maestro que intimida e humilha seus músicos durante os ensaios, não pode ser considerado um bom maestro.
O maestro que está constantemente ausente da sua orquestra, não pode ser considerado um bom maestro.
Então, para quem devemos buscar a tal excelência? Para os músicos ou para o maestro? Quem precisa se submeter a este exame de avaliação, os músicos ou o maestro?
Não queremos um maestro que deprecie nossos músicos, que não comunga com nossas aspirações de melhorar nossas instituições, que não veste a nossa camisa, que não consegue reconhecer que sua carreira de maestro não existe sem nós músicos, que usa jovens músicos como escudo de sua irresponsabilidade artística, que destrói a ética na música obrigando estes jovens músicos a substituir seus professores.
Não queremos um diretor artístico que não busque a excelência de suas próprias atribuições.
Não queremos um diretor artístico ausente e desinteressado funcionalmente, e que ainda viola nosso estatuto como servidor público.
O músico de orquestra não é corporativista e muito menos vagabundo! Ao contrário, somos nós que criamos as condições para eles receberem elogios e prêmios, somos nós que fazemos a música, somos nós que interpretamos as criações dos compositores que tanto agradam ao público, somos nós que fazemos a história mantendo com unhas e dentes, muitas vezes sem nenhuma condição de trabalho, a continuidade de vida destas instituições.
Os músicos profissionais da OSB não precisam de nenhum exame de avaliação eles já provaram sua excelência com a história gloriosa da OSB. Eles são a OSB, eles já se mostraram capazes na avaliação de seu público e de seus maestros e solistas convidados.
Não existe arte na música realizada sobre pressão, não existe arte com a batuta orquestrando o medo.
Queremos um artista de verdade nos orientando. Queremos uma liderança que caminhe junto com seus pares.
Queremos um líder que nos desperte a vontade de segui-lo e não um líder que somente deseja impor a sua vontade sem reconhecer o sustentáculo da sua carreira.
Os músicos da OSTM/RJ repudiam veementemente as atitudes e declarações do maestro Roberto Minczuk para com os músicos da OSB, por reconhecer que elas ofendem, não somente a estes músicos, mas a toda uma categoria e principalmente por colocar em risco o futuro de jovens músicos que aspiram seguir a profissão e condenar à morte um patrimônio que é parte inerente da memória cultural de nosso país.
Jesuina Passaroto
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