A observação de um evento sonoro ou musical pode ser classificada das seguintes maneiras:
Científica não Emocional - Através de aparelhos mecânicos e eletrônicos onde é possível medir os seguintes parâmetros:
Altura – Freqüência da onda sonora, graves e agudos (Unidade de medida: Hertz).
Intensidade – Volume som (Unidade de medida: Decibéis).
Timbre – Identificação da fonte sonora.
Métrica - Movimento ou ritmo (Metrônomo).
Cientifica Estética Artística Emocional - Através da escrita, da linguagem musical e conhecimentos teóricos e práticos das convenções históricas da música ocidental a partir das teorias de Pitágoras ou mesmo através de softwares musicais.
Estética Artística Emocional - Através dos conhecimentos teóricos da linguagem musical, ou apenas dos conhecimentos práticos adquiridos por tradições familiares, comunitárias ou de convívios sociais.
Com base nas três dimensões apresentadas e considerando a observação da música como objeto Estético Artístico Emocional, é possível subdividir o fazer musical nos Segmentos:
Insumental erudita ou popular
Popular comercial “canção”
Popular de louvor – (Sacra, Gospel, etc..)
Étnicas ritualísticas, de louvor ou não
O segmento Instrumental erudito ou popular é caracterizado principalmente por composições de peças musicais escritas digitalizadas ou não, para apresentações públicas em cerimônia, bailes, concertos, óperas, trilha sonoras de filmes e peças publicitárias, geralmente formado por músicos de Orquestras, Bandas Marciais, Grupos de Câmara e Solistas.
O Popular comercial é o segmento que mais se destaca e o que mais se diversifica em estilos e gêneros. A partir do surgimento da rádio difusão e da popularização da televisão tornou-se uma das principais manifestações culturais de impacto global. Sua forma estilística e fórmulas rítmicas geralmente seguem padrões que são facilmente reconhecidas umas nas outras se diferenciando na maioria dos casos pelos poemas contidos nas canções e pela linha melódica do tema musical.
As músicas deste segmento agrupam-se em ritmos originários de regiões distintas de um País (ex. Brasil - Baião: Nordeste - Samba: Sudeste - Chamamé: Sul – Carimbó: Norte).
Já no caso do segmento Popular de louvor, algumas religiões mais antigas preservam a música erudita como referencial de acompanhamento em seus cultos e missas (ex.: canto gregoriano e orquestras acompanhadas por corais), porém a contemporaneidade acabou por aproximar a religião católica e a maioria das religiões cristãs neo-pentecostais da música popular comercial, a tal ponto de a Presidência da República Brasileira reconhecer em 2012 o gênero ou estilo gospel como manifestação cultural.
As Manifestações Étnicas Ritualística de Louvor ou não são um seguimento considerado como manifestação cultural, patrimônio imaterial e deveria por regra ser tratado com atenção especial pelo poder público com o foco de objeto de estudo, para ter seu devido registro histórico e reconhecimento antes da estratificação cultural para fins comerciais. Neste agrupamento ficam os gêneros musicais Indígenas, de comunidades quilombolas, de descendentes de africanos radicados na zona urbana das cidades do interior dos Estados, que tem como tradição a transmissão oral do conhecimento musical e da sabedoria popular.
A pesquisa tem que ir além do simples registro sonoro e exploração da imagem e do simbolismo para o marketing cultural ou político, manifestações como as apresentadas nas folias do divino, em cerimônias indígenas, em terreiros de candomblé, pelos Catireiros de Natividade ou pelos Brincantes da Sússia tem que ser pesquisadas com bases teóricas sérias num trabalho imparcial, considerados os aspectos da imaterialidade das matrizes musicais das manifestações.
São várias questões técnicas musicais como modos melódicos, harmonização de vozes, origem epistemológica da manifestação, entre outras que ainda são incógnitas e já estão sendo estratificadas por gerações mais novas de músicos urbanos.
No Estado do Tocantins durante o lançamento do edital de cultura 2011 o governador José Wilson Siqueira Campos fez uma declaração (um apelo) para que as tradições musicais das folias do divino e outras do gênero, legítimos representantes da cultura musical popular tocantinense, fossem valorizados.
A valorização muitas vezes vem pelo reconhecimento, reconhecer implica em entender para respeitar, e a raiz de tudo esta no conhecer e no saber.
Porém nem sempre quem tem o conhecimento tem a sabedoria e neste aspecto é importante que o estudo do patrimônio imaterial da música tocantinense seja feito antes da transformação da manifestação em um gênero popular comercial vazio de simbolismos e de valores para atender a criação de peças publicitárias de marketing cultural.
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