Encontrei
hoje com um colega das “Artes Visuais” que além de artista é
também um agitador cultural, não citarei nomes até para não o
constranger (como se fosse possível este tipo de coisa com o Costa
Andrade).
Ele
com um documento nas mãos estava inconformado com a falta de
sensibilidade da gestão pública quanto as ações para a sua
categoria, que entre as expressões artísticas a dele é que vinha sendo
a menos cuidada, que existia total falta de zelo: que músicos tinham
os barzinhos, shows, cerimônias; os atores peças teatrais,
propaganda publicitárias ou seja um mercado para explorar, enquanto
as visuais até mesmo as galerias de artes tinham sido abandonadas
pelo poder público.
Mas o
que mais me chamou a atenção foi um documento que ele estava
segurando, (LEI Nº 1896, de 31 de maio de 2012 - DISPÕE
SOBRE A OBRIGATORIEDADE DE COLOCAÇÃO DE OBRA DE ARTE EM EDIFÍCIOS
COM ÁREA IGUAL OU SUPERIOR A TRÊS MIL METROS QUADRADOS E DÁ OUTRAS
PROVIDÊNCIAS.)
fulo da vida, pois se tratava de uma lei aprovada ainda em 2012 e que
por pura burocracia e falta de uma regulamentação municipal, os
artistas vinha sendo prejudicados.
Concordei
plenamente com ele e disse mais “Colega o que falta é vontade
política e competência de alguns gestores de cultura, muitos
seguem a vida toda construindo seu mundo através de outros ofícios
e depois de algum tempo já com a vida plenamente estabelecida
resolvem pintar um quadro ou escrever meia dúzia de versos e se
tornam ilustres artistas. Porém não conseguiram ao longo da jornada
assimilar a sensibilidade humana do artista, porém mesmo assim logo
recebem cargos dentro de gestões públicas e ai começam as
aberrações”.
E a
partir deste bate papo nos despedimos porque o encontro foi casual e
a carona chegou, numa última troca de palavras pedi para que ele me
enviasse sua impressão de nosso papo e eu lhe enviaria a minha.
Bom,
vamos aos fatos:
É
fato que a única galeria municipal mantida no Espaço Cultural José
Gomes Sobrinho foi desativada.
É
fato que a galeria que funcionava na Fundação Cultural do
Tocantins também foi fechada.
É
fato que o único espaço literário municipal ( Biblioteca Jaime Câmara ) que
agregava material de artes que servia para estudos e pesquisas
integradas em todas as áreas de conhecimento está fechada a mais de
um ano.
É
fato que o Sistema Estadual de Cultura, trabalho que vem sendo
construído coletivamente a mais de uma década, está abandonado
pelo atual Governo do Estado.
Acontece
que a falta de sensibilidade de políticos não os fazem enxergar que
um espaço para galeria de artes além de obrigar obras de arte serve também
como ambiente educacional, vivemos ainda num lugar com poucas opções
urbanas. Nossos jovens carecem de ambientes como estes para
desenvolver a sua leitura crítica de mundo, do outro, este tipo de
ação é uma coisa sublime.
A
negligência de gestores quanto a cultura deveria ser criticada da
mesma forma como a negligência a outras áreas. Vivemos hoje num
mundo globalizado porém as pessoas vivem cada vez mais em seus
mundos particulares, presos em muros e grades de condomínios... Para
os teóricos que tentam explicar o mundo através de teorias
filosóficas, basta dizer o seguinte “ A arte é um instrumento
humano sublime e desenvolve a alma”
Cabe
ao poder público dar condições para que o imaterial se materialize
assim como a arte efêmera também deva ter seu espaço garantido e
incentivado.
O
desmonte do Centro de Criatividade do Espaço Cultural foi um erro,
pois era o que mais se aproximava de um centro de referência do
ensino das artes no Estado do Tocantins. A parte de iniciações
artísticas já vem sendo garantido pela educação formal, porém um
centro de referência intermediário entre educação fundamental e a
educação superior é muito importante e tem que ser desenvolvida de
maneira profissional, com profissionais capacitados para a função.
Quanto
aos artistas de verão, aqueles que são artistas nas horas de folga,
para garantir o status social e mais a frente um carguinho por
indicação política, que saibam que a história é a única coisa
que fica, são nossas obras que nos coroam.
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