quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Arte em Prosa - "na forca"

Encontrei hoje com um colega das “Artes Visuais” que além de artista é também um agitador cultural, não citarei nomes até para não o constranger (como se fosse possível este tipo de coisa com o Costa Andrade).

Ele com um documento nas mãos estava inconformado com a falta de sensibilidade da gestão pública quanto as ações para a sua categoria, que entre as expressões artísticas a dele  é que vinha sendo a menos cuidada, que existia total falta de zelo: que músicos tinham os barzinhos, shows, cerimônias; os atores peças teatrais, propaganda publicitárias ou seja um mercado para explorar, enquanto as visuais até mesmo as galerias de artes tinham sido abandonadas pelo poder público.

Mas o que mais me chamou a atenção foi um documento que ele estava segurando, (LEI Nº 1896, de 31 de maio de 2012 - DISPÕE SOBRE A OBRIGATORIEDADE DE COLOCAÇÃO DE OBRA DE ARTE EM EDIFÍCIOS COM ÁREA IGUAL OU SUPERIOR A TRÊS MIL METROS QUADRADOS E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS.) fulo da vida, pois se tratava de uma lei aprovada ainda em 2012 e que por pura burocracia e falta de uma regulamentação municipal, os artistas vinha sendo prejudicados.

Concordei plenamente com ele e disse mais “Colega o que falta é vontade política e competência de alguns gestores de cultura, muitos seguem a vida toda construindo seu mundo através de outros ofícios e depois de algum tempo já com a vida plenamente estabelecida resolvem pintar um quadro ou escrever meia dúzia de versos e se tornam ilustres artistas. Porém não conseguiram ao longo da jornada assimilar a sensibilidade humana do artista, porém mesmo assim logo recebem cargos dentro de gestões públicas e ai começam as aberrações”.

E a partir deste bate papo nos despedimos porque o encontro foi casual e a carona chegou, numa última troca de palavras pedi para que ele me enviasse sua impressão de nosso papo e eu lhe enviaria a minha.
Bom, vamos aos fatos:

É fato que a única galeria municipal mantida no Espaço Cultural José Gomes Sobrinho foi desativada.

É fato que a galeria que funcionava na Fundação Cultural do Tocantins também foi fechada.

É fato que o único espaço literário municipal ( Biblioteca Jaime Câmara ) que agregava material de artes que servia para estudos e pesquisas integradas em todas as áreas de conhecimento está fechada a mais de um ano.

É fato que o Sistema Estadual de Cultura, trabalho que vem sendo construído coletivamente a mais de uma década, está abandonado pelo atual Governo do Estado.

Acontece que a falta de sensibilidade de políticos não os fazem enxergar que um espaço para galeria de artes além de obrigar obras de arte serve também como ambiente educacional, vivemos ainda num lugar com poucas opções urbanas. Nossos jovens carecem de ambientes como estes para desenvolver a sua leitura crítica de mundo, do outro, este tipo de ação é uma coisa sublime.

A negligência de gestores quanto a cultura deveria ser criticada da mesma forma como a negligência a outras áreas. Vivemos hoje num mundo globalizado porém as pessoas vivem cada vez mais em seus mundos particulares, presos em muros e grades de condomínios... Para os teóricos que tentam explicar o mundo através de teorias filosóficas, basta dizer o seguinte “ A arte é um instrumento humano sublime e desenvolve a alma”

Cabe ao poder público dar condições para que o imaterial se materialize assim como a arte efêmera também deva ter seu espaço garantido e incentivado.

O desmonte do Centro de Criatividade do Espaço Cultural foi um erro, pois era o que mais se aproximava de um centro de referência do ensino das artes no Estado do Tocantins. A parte de iniciações artísticas já vem sendo garantido pela educação formal, porém um centro de referência intermediário entre educação fundamental e a educação superior é muito importante e tem que ser desenvolvida de maneira profissional, com profissionais capacitados para a função.



Quanto aos artistas de verão, aqueles que são artistas nas horas de folga, para garantir o status social e mais a frente um carguinho por indicação política, que saibam que a história é a única coisa que fica, são nossas obras que nos coroam.

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