segunda-feira, 16 de julho de 2018

dormência / Fio de Prumo - José Gomes Sobrinho

dormência (n° 49)


ao ser perguntado se pudera recordar 
(porque recordação é coisa de muito cuidado)
dissera - simplesmente - "não dá!"

ao ser - insistentemente - arguido se pudera divisar
as estranhas coisas que sua cidade escondia 
escondeu-se na idade que fugia 
entre seus dedos magros 
e na disse 

quando ao lado do amigo (a quem há muito não via)
foi peremptório - "sei de tudo e nada digo apenas sinto"
e foram os dois em busca do terceiro - 
o que vivia da voz
(e de sua voz muitos viviam )

naquele dia revisitaram todos os ontens 
que puderam coletar 
pena que a cidade estivesse tão envolvida 
em ser menos
do que realmente era   













José Gomes Sobrinho 

Nenhum comentário:

Postar um comentário