domingo, 14 de junho de 2015

Pronunciamento do Maestro Amilson Godoy no dia 9/06/2015 na FUNARTE

Pronunciamento do Maestro Amilson Godoy no dia 9/06/2015 na FUNARTE no  “Seminário de lançamento da Construção da Política Nacional das Artes”.


Abertura: (Senhor Ministro da Cultura, Juca Ferreira), membros da mesa, público presente e colegas músicos. Convidado que fui, para participar deste seminário como representante da Música Erudita no CNPC, considero-me também neste dia, porta voz de outras representações, que faço questão que sejam também atribuídas: O FPPM (Fórum Paulista Permanente de Música), o FNM (Fórum Nacional de Música) e o Colégio Setorial de Música.



1-    Trago comigo, além dessas representações a mesma esperança que tomou conta de mim quando há 11 anos o então ministro Gilberto Gil acenou a bandeira da Cultura, como a redenção do Estado Brasileiro para a atividade Cultural e que, até então, continuava caminhando a passos de tartaruga, pois poucos eram os dirigentes públicos que davam a ela seu verdadeiro significado e importância.



2-    Imediatamente a ela aderimos somando à convocação os nossos, até então, 45 anos de experiência profissional. Tivemos no Ministro Juca Ferreira, então na época Secretário Executivo deste Ministério o grande mentor dos encaminhamentos, que de imediato nos cativou e encheu de esperanças para um novo tempo que se mostrava.



3-    Desde então, continuamos por aqui, sempre de forma voluntária, por entender que essa é a nossa contribuição e não o nosso trabalho, que continua o de ser músico, representando os autos produtores, nos seminários e encontros promovidos, no CNPC (Conselho Nacional de Política Cultural), na CNIC (Conselho Nacional de Incentivo à Cultura), onde participo como o atual Conselheiro Titular de Música e na maioria das vezes, escolhido pelos músicos, contribuindo sempre com a maior disposição com este Ministério, com tudo o que foi construído nesses anos todos, para que se obtenha, enfim uma política pública no setor.  



4-    Tivemos sucesso em algumas coisas, mas honestamente o sentimento de frustração é muito maior neste caminhar, tanto meu, como dos meus colegas envolvidos neste processo. Recordo-me da caminhada que fez São Paulo, juntamente com o Rio de Janeiro, em um compromisso público assumido aqui, neste mesmo lugar, há exatamente 11 anos, no dia 4/11/2004, ao solicitar que a implantação das Câmaras Setoriais pelo MINC, que pretendia na representação da música dessas Câmaras reunirem apenas São Paulo e Rio de Janeiro, fosse adiada, para que pudéssemos ouvir o Brasil e tivéssemos algum tempo para buscar a nacionalização do movimento dos Fóruns de Música, até então restritos à São Paulo e Rio de Janeiro e com ele buscar uma representação mais ampla e que configurasse o sentimento nacional.



5-    Este prazo nos foi dado pelo então presidente da FUNARTE na época, o ator Antonio Grassi que nos concedeu pouco mais de um mês para realizar esta tarefa e eu disse na ocasião, que mesmo assim, com tão pouco tempo nós  conseguiríamos, pois os músicos estão acostumados a fazer o impossível acontecer na hora, milagre é que demora um pouco mais. Em um trabalho de Bandeirantes saímos por este País, por conta própria e juntamente com meus colegas, paulistas e cariocas, em apenas (45) dias, conseguimos reunir treze (13) Estados Brasileiros organizados, dando início ao maior levantamento da realidade musical brasileira; das maiores propostas de políticas públicas neste segmento e; nesta tarefa, não podemos esquecer que na época, a então Diretora do Departamento de Música da Funarte, Ana de Holanda, teve um papel fundamental neste trabalho. A ela o nosso reconhecimento e agradecimentos.



6-    O Fórum Nacional de Música se instalou com 13 Estados constituídos e um ano depois, havíamos atingido os 27 Estados do Brasil. Construímos um Plano Nacional de Música, com todos os olhares e sons presentes, e dos vários temas trazidos à pauta nos nossos encontros, destaco entre eles a motivação de trazer o Direito Autoral em discussão aberta. Que esse assunto saísse das salas fechadas do ECAD e viesse público com transparência, para que o governo brasileiro tomasse ciência do que ocorria no sistema e em nome da legalidade interferir naquilo fosse necessário. Destaco também como a contribuição de fazer despertar o interesse da minha categoria para este novo tempo, comandado pelo Gil e o atual Ministro Juca Ferreira.



7-    Tivemos muitos colaboradores nesta jornada aos quais atribuo o grande peso das sugestões e apontamentos que aqui farei e, se não tivessem eles participado com a veemência que participaram, pouco teria sido feito e por isso faço questão de citá-los nominalmente, não poderei falar de todos, pois são muitos, mas tentarei me lembrar daqueles que comigo estão neste momento no Colégio Setorial de Música e também aqueles que deram início a este trabalho de âmbito Nacional na representação de seus Fóruns e Estados.



Representando os Estados Brasileiros, estiveram e estão comigo neste caminhar: Do Rio Grande do Sul: Alvaro Santi- Leandro Ernesto Maia- de Pernambuco- Adriano Araújo­­­ - Alex Mono- Alexandre Albuquerque- de Goiás: Dú Oliveira- do Ceará- Amaudson Ximenes- José Brasil Filho- Ivan Ferraro - da Bahia: Alda Oliveira - Francisco Carlos Oliveira- de Brasília: Renio Quintas – Alexandra Capone - de Alagoas- Félix Baygon- de Mato Grosso do SulFábio Cacho- - Samuel B. Gomes- de Minas Gerais- Makely de Oliveira- Kristoff Silva – do Pará- Adriana Couceiro- Wilms Daniel- do Paraná- André Alves Wlodarczyk- Maria Eliane Bastos-
... No Colégio Setorial de Música as representações regionais da sociedade civil
Composição do Colegiado Setorial de Música – Mandato 2012/2014

Representação dos Membros da Sociedade Civil
   Representação Nordeste: Valderedo Gomes da Silva (Val Macambira) (BA), titular, e seu             suplente, Lailton Santos Costa (BA)

Representação Sul: Ricardo Birdin, (RS) titular, e sua suplente, Karine Beschoren Souza (RS)

Representação Sudeste: Ana Maria Terra Borba Caymmi (RJ)

Representação Centro-Oeste: Alexandra Ferreira Gonçalves (DF)

Representação Norte: Agostinho dos Santos Filho (PA)

Associativa sem caráter econômico
Vânia Maria Franceschi Vieira (SC), titular, e seu suplente, Ronaldo José de Espíndula
Luciano de Souza (TO), titular, e seu suplente, Luiz Carlos Sandes Paranhos (AL)
    Gabriel Lischinsky Alves dos Santos (SP), titular, e seu suplente, Geraldo Cardoso de                 Oliveira(AL)

     Área produtiva
   Malva Ramos Malvar (SE), titular, e seu suplente, Luiz Fernando Barbosa Gomes Magalhães        (AL) Ney Hugo Jacinto Silva (RS), titular, seu suplente, Caiubi Mani Peres (SP)
   José Raimundo Alves dos Santos (BA), titular, e seu suplente, Alcidésio José de Santana (PE)

    Área artístico-criativa
    Luis Felipe da Gama Pinto (SP), titular, e sua suplente, Karina Poli Lima da Cunha (SP)
   Amilson Teixeira de Godoy (SP), titular, e sua suplente, Maria Yvete Fountoura ( PR)
  Aládia Quintella Soares (CE), titular, e seu suplente, Wilson Fernando Teixeira da Silva              (BA) Wertemberg Nunes (TO) Alexandra Capone (DF)
8    Da representação carioca das primeiras horas, quando muitos deles estão aqui hoje presentes: Dalmo Mota, Cristina Saraiva, Téo Lima, Ivan Lins, Roberto Frejat, Antonio Adolfo, Tibério Gaspar, Alexandre Negreiros, Eduardo Caminievsky, Felipe Radicetti, João Bani, Guilherme S. Brício- Claudio Guimarães e tantos outros.

De São Paulo: Eneida Soller, Juca Novaes, Celso Viáfora, Alemão, Amador Bueno, Antonio Herci, Carlos Zimmber, Zezé Freitas, Léa Freire, Caito Marcondes, Carlinhos Antunes, João Parahiba, Renato Faria, Adylson Godoy, Glória Cunha- Paulo Sérgio Bernardo- Mario Ficarelli (in memoriam), Silvia de Lucca e tantos outros, que mesmo não assumindo representações oficiais, sempre estiveram presentes.



9-    Organizamos nacionalmente a categoria e, em um movimento suprapartidário,  contribuímos com este governo para a construção de sua política pública na área da música. Fizemos um Plano Nacional, quando constituímos um Grupo de Trabalho, extraído do Colégio Setorial de Música, cujos integrantes foram: Amilson Godoy (SP), Ana Terra (RJ), Alexandra Capone (DF), Luciano Souza (TO), Malva Malvar (SE), Luis Felipe Gama (SP), Vânia Vieira (SC), abrimos consulta pública via-internet e agora o plano entra na sua fase de sistematização, ou seja, coletar as contribuições, frutos da consulta.



10- Estivemos na Venezuela a convite deste Ministério em visita ao projeto Venezuelano “El Sistema” com o objetivo de extrair subsídios para serem aplicados nos cursos de música dos CEUs das Artes. Um grande contingente de Maestros se mobilizou para levar a bom termo esta proposta, cujo indicativo era o de congraçamento com os projetos exitosos do Brasil. Lá estavam comigo: Maestro Eliseu Ferreira de Goiás, Maestro Arthur Barbosa, de Fortaleza, Maestro Roberto Duarte, do RJ, Lenir Boldrin de Teresópolis, Maestro Carlos Moreno, de São Paulo, Maestro Claudio Cohen de Brasilia, Maestro Ricardo Castro da Bahia, Maestro Carlos Lima de Mogi Mirim, Maestro Lutero Rodrigues de São Paulo;



11- Voluntariamente criamos um Grupo Gestor de Maestros e demos o start no plano pedagógico para ser implantado nos CEUs. Estavam presentes os trabalhos desenvolvidos no Projeto “Música para Todos” de Teresina, de Luis Sá e do Maestro Cássio Henrique Martins - “Cidade da Música” de Volta Redonda, com o prof Nicolau Martins de Oliveira e a Maestrina Sarah Higino, - o Maestro Vantoil de Souza e seu Projeto Música nas Escolas de Barra Mansa, - Marcio Selles do projeto “Grota do Surucucu” de Niterói, -Lenir Boldrin, do projeto “Novo Tempo” de Teresópolis, - Maestro Eliseu Ferreira e seu projeto “Sinfonia do Amanhã” e “Orquestra Sinfônica Jovem”, de Goiás- ”Maestro Carlos Moreno do projeto “Música na Escola” de Santo André,- Maestro Carlos Lima do projeto “Banda Musical Lyra Mojimiriana”, de Mogi Mirim, Maestro Arthur Barbosa, da “Orquestra Eleazar de Carvalho”, de Fortaleza,- Maestro Ricardo Castro do “Projeto Neojibá”, da Bahia, e nos pensamentos irmanados os Maestros: Julio Medaglia, Isaac Karabtchevsky, Lutero Rodrigues, Roberto Tibiriçá, de São Paulo,  Henrique Morelenbaum, do Rio de Janeiro, Jorge Antunes, Renio Quintas, Jorge Lisboa Antunes, de Brasília, Davi de Oliveira de Maringá, Sérgio Figueiredo de (SC), Maestro Miguel Campos Neto de Manaus e tantos outros a espera de resultados.

1    12-A espera de resultados, estamos!



13-Para que não haja retrocesso e percamos o tempo político que nos resta neste caminhar, podemos de imediato assegurar com objetividade, determinação e certeza, que o que não precisamos é de palavras, de caravanas ou de novos planos. O que precisamos é de recursos (financeiros e estruturais) injetados na atividade fim, ou seja, medidas práticas de fomento e ampliação de campo de trabalho para os fazedores da cultura. Para as Artes! Para os artistas! Para os músicos... Deem-nos isso que o resto nós faremos; e aí sim, as artes prosperarão!



14- As Artes nunca estiveram tão abandonadas. Nunca foram tão sucateados seus aparelhos, a começar deste próprio organismo em que estamos, que nem mesmo seus editais são confiáveis, o que faz a nossa categoria reivindicar, com legítima razão a criação de uma agência da Música, de alcance Nacional, com reverberação Internacional, nos moldes aos do cinema existente em nosso país.



15- Apesar dos osbstáculos e força contrária, aos bons propósitos, destaco como grande vitória, enquanto representante da Música Erudita no CNPC, a aprovação pelo Conselho, da recomendação ao Governo Brasileiro em criar pelo Território Nacional a “Orquestra do Primeiro Emprego,” cujo objetivo é abrigar esta nova geração que está sendo formado, fruto das Orquestras Mirins existentes e espalhadas pela nossa terra, onde seus componentes estão profissionalmente sem perspectiva de ocupação na função de músico, uma vez que o mercado já se encontra saturado pelos que aí já estão. Falta agora à vontade deste Ministério em querer implantar este programa e que faça isso rápido, ante que todos desistam deste propósito: De ser músico neste nosso País. 



15- A cultura artística, em razão do olhar antropológico que tomou conta dos comandantes da cultura, ficou relegada há um segundo plano, quando a busca pelo resultado de excelência deixou de existir e tudo o que conquistamos ao longo desses anos em trabalho de formação musical, presentes nos diversos projetos existentes pelo Brasil, proveniente na sua maior parte de iniciativas da sociedade civil, corre o risco de se perder, dando lugar às coisas apenas de entretenimento ou simplesmente de ocupação de espaços.



16- Por mais paradoxal que possa parecer, foram os artistas que reivindicaram e lutaram pela criação do Ministério da Cultura. Foram os artistas que demonstraram  toda a força da atividade cultural. Foram as Artes que projetaram este País no cenário mundial... e foi até mesmo um artista que ampliou a visão desse Ministério da Cultura, quando enalteceu sua diversidade, que começa agora a tomar corpo.

1  17- Leis estão sendo elaboradas, reformas constitucionais foram feitas e que omitem as Artes nos seus propósitos. A prudência nos faz recomendar, para que as artes não sejam mais uma vez prejudicadas neste caminhar, que tudo o que foi feito até agora, com esse propósito, seja revisto. Poderíamos apontar inúmeros itens nas propostas legais que não atendem as necessidades artísticas, assim como prejudica as proteções existentes nos marcos legais atuais, mas o fator tempo neste momento se coloca contra nós, o que faz com que aguardemos uma melhor hora para evocar tais argumentos.



18- Não negamos o direito do Ministério da Cultura, modelar a atividade cultural de acordo com seu entendimento, que tem se mostrado mais afeto ao viés antropológico ao artístico, haja vista a tendência de vida e formação brilhante de seus comandantes neste indicativo. Pessoas extremamente capazes no seu afazer. Sabemos que tal compreensão não é unânime, porém se as artes não fizerem parte dos seus propósitos, como deve realmente ser centrado firmemente na formação e educação do ser, não restará alternativa ao mundo artístico, há não ser lutar pela criação do Ministério das Artes.    
1   19- Ainda assim, não perdemos as esperanças e continuamos a insistir e, para que todos saibam, é assim mesmo que o músico se forma: com Insistência, Estudo, Abnegação, Esforço, Paciência, pois, para sermos músicos esses predicados são imprescindíveis no ser e é dessa forma que aprendemos a sobreviver e superar os tempos ruins, barreiras e obstáculos, com o governo ao nosso lado, sem o governo e  apesar dos governos.  
2   20- Mas, afinal, o bom filho a casa retorna e novamente aquela mesma chama que nos atingiu há tempos atrás se reacende e nos leva mais uma vez a querer contribuir com esse novo tempo que se anuncia, com o nosso novo Ministro, Juca Ferreira e seu pessoal, com a esperança de que os equívocos cometidos neste período em que ele esteve afastado sejam corrigidos, assim como os caminhos iniciais que serviram como apontamentos para aquilo que a categoria entende como o ideal seja retomado, ou seja, que o trem volte aos trilhos.



21- Bem vindo senhor ministro, é com prazer que anuncio que o Plano Nacional de Música, já se encontra em consulta pública, como resultado desses 12 anos de trabalho das equipes que se sucederam nesta tarefa e que nele depositaram seus conhecimentos, energia e esperança.



22- Com a firme convicção de que a Arte é a mais poderosa das forças e que atividade cultural não precisa provar mais nada a ninguém do que é capaz, quem sabe agora tenhamos a oportunidade de realizar aquilo que necessita de fato ser feito e que se perdeu nas falas deste Ministério.


Muito Obrigado.

Um comentário:

  1. Prezados (as) teremos Eleições para Câmaras Setoriais de Música em nível Estadual e Nacional nos próximos meses, seria interessante que os pretensos candidatos em participar do processo eleitoral dos Conselhos CNPC e Conselho Estadual leiam o Pronunciamento do Maestro Amilson Godoy ao senhor Ministro da Cultura

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