Pronunciamento do Maestro
Amilson Godoy no dia 9/06/2015 na FUNARTE no
“Seminário de lançamento da Construção da Política Nacional das Artes”.
Abertura: (Senhor
Ministro da Cultura, Juca Ferreira), membros da mesa, público presente e
colegas músicos. Convidado que fui, para participar deste seminário como
representante da Música Erudita no CNPC, considero-me também neste dia, porta
voz de outras representações, que faço questão que sejam também atribuídas: O
FPPM (Fórum Paulista Permanente de Música), o FNM (Fórum Nacional de Música) e
o Colégio Setorial de Música.
1- Trago comigo, além dessas
representações a mesma esperança que tomou conta de mim quando
há 11 anos o então ministro Gilberto Gil acenou a bandeira da Cultura, como a
redenção do Estado Brasileiro para a atividade Cultural e que, até então,
continuava caminhando a passos de tartaruga, pois poucos eram os dirigentes públicos
que davam a ela seu verdadeiro significado e importância.
2- Imediatamente
a ela aderimos somando à convocação os nossos, até então, 45 anos de
experiência profissional. Tivemos no Ministro Juca Ferreira, então na época
Secretário Executivo deste Ministério o grande mentor dos encaminhamentos, que
de imediato nos cativou e encheu de esperanças para um novo tempo que se
mostrava.
3- Desde
então, continuamos por aqui, sempre de forma voluntária, por entender que essa
é a nossa contribuição e não o nosso trabalho, que continua o de ser
músico, representando os autos produtores, nos seminários e encontros promovidos,
no CNPC (Conselho Nacional de Política Cultural), na CNIC (Conselho Nacional de
Incentivo à Cultura), onde participo como o atual Conselheiro Titular de Música
e na maioria das vezes, escolhido pelos músicos, contribuindo sempre com a
maior disposição com este Ministério, com tudo o que foi construído nesses anos
todos, para que se obtenha, enfim uma política pública no setor.
4- Tivemos
sucesso em algumas coisas, mas honestamente o sentimento de frustração é muito
maior neste caminhar, tanto meu, como dos meus colegas envolvidos neste
processo. Recordo-me da caminhada que fez São Paulo, juntamente com o Rio de
Janeiro, em um compromisso público assumido aqui, neste mesmo lugar, há exatamente
11 anos, no dia 4/11/2004, ao solicitar que a implantação das Câmaras Setoriais
pelo MINC, que pretendia na representação da música dessas Câmaras reunirem apenas
São Paulo e Rio de Janeiro, fosse adiada, para que pudéssemos ouvir o Brasil e
tivéssemos algum tempo para buscar a nacionalização do movimento dos Fóruns de
Música, até então restritos à São Paulo e Rio de Janeiro e com ele buscar uma
representação mais ampla e que configurasse o sentimento nacional.
5- Este
prazo nos foi dado pelo então presidente da FUNARTE na época, o ator Antonio
Grassi que nos concedeu pouco mais de um mês para realizar esta tarefa e eu
disse na ocasião, que mesmo assim, com tão pouco tempo nós conseguiríamos, pois os músicos estão
acostumados a fazer o impossível acontecer na hora, milagre é que demora um
pouco mais. Em um trabalho de Bandeirantes saímos por este País, por conta
própria e juntamente com meus colegas, paulistas e cariocas, em apenas (45)
dias, conseguimos reunir treze (13) Estados Brasileiros organizados, dando
início ao maior levantamento da realidade musical brasileira; das maiores propostas
de políticas públicas neste segmento e; nesta tarefa, não podemos esquecer que na
época, a então Diretora do Departamento de Música da Funarte, Ana de Holanda,
teve um papel fundamental neste trabalho. A ela o nosso reconhecimento e
agradecimentos.
6- O
Fórum Nacional de Música se instalou com 13 Estados constituídos e um ano
depois, havíamos atingido os 27 Estados do Brasil. Construímos um Plano
Nacional de Música, com todos os olhares e sons presentes, e dos vários temas
trazidos à pauta nos nossos encontros, destaco entre eles a motivação de trazer
o Direito Autoral em discussão aberta. Que esse assunto saísse das salas
fechadas do ECAD e viesse público com transparência, para que o governo
brasileiro tomasse ciência do que ocorria no sistema e em nome da legalidade
interferir naquilo fosse necessário. Destaco também como a contribuição de
fazer despertar o interesse da minha categoria para este novo tempo, comandado
pelo Gil e o atual Ministro Juca Ferreira.
7- Tivemos
muitos colaboradores nesta jornada aos quais atribuo o grande peso das
sugestões e apontamentos que aqui farei e, se não tivessem eles participado com
a veemência que participaram, pouco teria sido feito e por isso faço questão de
citá-los nominalmente, não poderei falar de todos, pois são muitos, mas
tentarei me lembrar daqueles que comigo estão neste momento no Colégio Setorial
de Música e também aqueles que deram início a este trabalho de âmbito Nacional
na representação de seus Fóruns e Estados.
Representando os Estados Brasileiros,
estiveram e estão comigo neste caminhar: Do Rio Grande
do Sul: Alvaro Santi- Leandro
Ernesto Maia- de Pernambuco-
Adriano Araújo - Alex Mono- Alexandre Albuquerque- de Goiás: Dú
Oliveira- do Ceará- Amaudson Ximenes- José Brasil Filho- Ivan
Ferraro - da Bahia: Alda Oliveira - Francisco
Carlos Oliveira- de Brasília:
Renio Quintas – Alexandra Capone - de Alagoas- Félix Baygon- de Mato Grosso do
Sul: Fábio Cacho- - Samuel B.
Gomes- de Minas Gerais- Makely de Oliveira- Kristoff
Silva – do Pará- Adriana Couceiro- Wilms Daniel-
do Paraná- André
Alves Wlodarczyk- Maria Eliane Bastos-
... No Colégio Setorial de
Música as representações regionais da sociedade civil
Composição do Colegiado Setorial de Música – Mandato 2012/2014
Representação dos Membros da Sociedade Civil
Representação Nordeste: Valderedo Gomes da Silva (Val
Macambira) (BA), titular, e seu suplente, Lailton Santos Costa (BA)
Representação Sul: Ricardo Birdin, (RS) titular, e sua
suplente, Karine Beschoren Souza (RS)
Representação Sudeste: Ana Maria Terra Borba Caymmi
(RJ)
Representação Centro-Oeste: Alexandra Ferreira
Gonçalves (DF)
Representação Norte: Agostinho dos Santos Filho (PA)
Associativa sem caráter econômico
Vânia Maria
Franceschi Vieira (SC), titular, e seu suplente, Ronaldo José de Espíndula
Luciano de
Souza (TO), titular, e seu suplente, Luiz Carlos Sandes Paranhos (AL)
Gabriel
Lischinsky Alves dos Santos (SP), titular, e seu suplente, Geraldo Cardoso de Oliveira(AL)
Área produtiva
Malva Ramos Malvar (SE), titular, e
seu suplente, Luiz Fernando Barbosa Gomes Magalhães (AL) Ney Hugo
Jacinto Silva (RS), titular, seu suplente, Caiubi Mani Peres (SP)
José
Raimundo Alves dos Santos (BA), titular, e seu suplente, Alcidésio José de
Santana (PE)
Área artístico-criativa
Luis Felipe da Gama Pinto (SP), titular, e sua suplente, Karina Poli Lima da Cunha (SP)
Luis Felipe da Gama Pinto (SP), titular, e sua suplente, Karina Poli Lima da Cunha (SP)
Amilson
Teixeira de Godoy (SP), titular, e sua suplente, Maria Yvete Fountoura ( PR)
Aládia
Quintella Soares (CE), titular, e seu suplente, Wilson Fernando Teixeira da
Silva (BA) Wertemberg Nunes (TO) Alexandra
Capone (DF)
8 Da
representação carioca das primeiras horas, quando muitos deles estão aqui hoje
presentes: Dalmo Mota, Cristina Saraiva, Téo Lima, Ivan Lins, Roberto Frejat,
Antonio Adolfo, Tibério Gaspar, Alexandre Negreiros, Eduardo Caminievsky, Felipe
Radicetti, João Bani, Guilherme
S. Brício- Claudio Guimarães e tantos outros.
De
São Paulo: Eneida Soller, Juca Novaes, Celso Viáfora, Alemão, Amador Bueno, Antonio
Herci, Carlos Zimmber, Zezé Freitas, Léa Freire, Caito Marcondes, Carlinhos
Antunes, João Parahiba, Renato Faria, Adylson Godoy, Glória Cunha- Paulo Sérgio
Bernardo- Mario Ficarelli (in memoriam), Silvia de Lucca e tantos
outros, que mesmo não assumindo representações oficiais, sempre estiveram
presentes.
9- Organizamos
nacionalmente a categoria e, em um movimento suprapartidário, contribuímos com este governo para a
construção de sua política pública na área da música. Fizemos um Plano Nacional,
quando constituímos um Grupo de Trabalho, extraído do Colégio Setorial de
Música, cujos integrantes foram: Amilson Godoy (SP), Ana Terra (RJ), Alexandra
Capone (DF), Luciano Souza (TO), Malva Malvar (SE), Luis Felipe Gama (SP),
Vânia Vieira (SC), abrimos consulta pública via-internet e agora o plano entra
na sua fase de sistematização, ou seja, coletar as contribuições, frutos da
consulta.
10- Estivemos
na Venezuela a convite deste Ministério em visita ao projeto Venezuelano “El
Sistema” com o objetivo de extrair subsídios para serem aplicados nos cursos de
música dos CEUs das Artes. Um grande contingente de Maestros se mobilizou para
levar a bom termo esta proposta, cujo indicativo era o de congraçamento com os
projetos exitosos do Brasil. Lá estavam comigo: Maestro Eliseu Ferreira de
Goiás, Maestro Arthur Barbosa, de Fortaleza, Maestro Roberto Duarte, do RJ,
Lenir Boldrin de Teresópolis, Maestro Carlos Moreno, de São Paulo, Maestro Claudio
Cohen de Brasilia, Maestro Ricardo Castro da Bahia, Maestro Carlos Lima de Mogi
Mirim, Maestro Lutero Rodrigues de São Paulo;
11- Voluntariamente
criamos um Grupo Gestor de Maestros e demos o start no plano pedagógico para
ser implantado nos CEUs. Estavam presentes os trabalhos desenvolvidos no
Projeto “Música para Todos” de Teresina, de Luis Sá e do Maestro Cássio
Henrique Martins - “Cidade da Música” de Volta Redonda, com o prof Nicolau
Martins de Oliveira e a Maestrina Sarah Higino, - o Maestro Vantoil de Souza e
seu Projeto Música nas
Escolas de Barra Mansa, - Marcio Selles do projeto “Grota do Surucucu” de
Niterói, -Lenir Boldrin, do projeto “Novo Tempo” de Teresópolis, - Maestro
Eliseu Ferreira e seu projeto “Sinfonia do Amanhã” e “Orquestra Sinfônica
Jovem”, de Goiás- ”Maestro Carlos Moreno do projeto “Música na Escola” de Santo
André,- Maestro Carlos Lima do projeto “Banda Musical Lyra Mojimiriana”, de
Mogi Mirim, Maestro Arthur Barbosa, da “Orquestra Eleazar de Carvalho”, de
Fortaleza,- Maestro Ricardo Castro do “Projeto Neojibá”, da Bahia, e nos
pensamentos irmanados os Maestros: Julio Medaglia, Isaac Karabtchevsky, Lutero
Rodrigues, Roberto Tibiriçá, de São Paulo, Henrique Morelenbaum, do Rio de Janeiro, Jorge
Antunes, Renio Quintas, Jorge Lisboa Antunes, de Brasília, Davi de Oliveira de
Maringá, Sérgio Figueiredo de (SC), Maestro Miguel Campos Neto de Manaus e
tantos outros a espera de resultados.
1 12-A espera
de resultados, estamos!
13-Para
que não haja retrocesso e percamos o tempo político que nos resta neste
caminhar, podemos de imediato assegurar com objetividade, determinação e
certeza, que o que não precisamos é de palavras, de caravanas ou de novos
planos. O que precisamos é de recursos (financeiros e estruturais) injetados na
atividade fim, ou seja, medidas práticas de fomento e ampliação de campo de
trabalho para os fazedores da cultura. Para as Artes! Para os artistas! Para os
músicos... Deem-nos isso que o resto nós faremos; e aí sim, as artes
prosperarão!
14- As
Artes nunca estiveram tão abandonadas. Nunca foram tão sucateados seus
aparelhos, a começar deste próprio organismo em que estamos, que nem mesmo seus
editais são confiáveis, o que faz a nossa categoria reivindicar, com legítima razão
a criação de uma agência da Música, de alcance Nacional, com reverberação
Internacional, nos moldes aos do cinema existente em nosso país.
15- Apesar dos
osbstáculos e força contrária, aos bons propósitos, destaco como grande
vitória, enquanto representante da Música Erudita no CNPC, a aprovação pelo
Conselho, da recomendação ao Governo Brasileiro em criar pelo Território
Nacional a “Orquestra do Primeiro Emprego,” cujo objetivo é abrigar esta nova
geração que está sendo formado, fruto das Orquestras Mirins existentes e
espalhadas pela nossa terra, onde seus componentes estão profissionalmente sem
perspectiva de ocupação na função de músico, uma vez que o mercado já se
encontra saturado pelos que aí já estão. Falta agora à vontade deste
Ministério em querer implantar este programa e que faça isso rápido, ante que
todos desistam deste propósito: De ser músico neste nosso País.
15- A
cultura artística, em razão do olhar antropológico que tomou conta dos comandantes
da cultura, ficou relegada há um segundo plano, quando a busca pelo resultado
de excelência deixou de existir e tudo o que conquistamos ao longo desses anos em
trabalho de formação musical, presentes nos diversos projetos existentes pelo
Brasil, proveniente na sua maior parte de iniciativas da sociedade civil, corre
o risco de se perder, dando lugar às coisas apenas de entretenimento ou
simplesmente de ocupação de espaços.
16- Por
mais paradoxal que possa parecer, foram os artistas que reivindicaram e lutaram
pela criação do Ministério da Cultura. Foram os artistas que demonstraram toda a força da atividade cultural. Foram as Artes
que projetaram este País no cenário mundial... e foi até mesmo um artista que
ampliou a visão desse Ministério da Cultura, quando enalteceu sua diversidade,
que começa agora a tomar corpo.
1 17- Leis
estão sendo elaboradas, reformas constitucionais foram feitas e que omitem as Artes
nos seus propósitos. A prudência nos faz recomendar, para que as artes não
sejam mais uma vez prejudicadas neste caminhar, que tudo o que foi feito até
agora, com esse propósito, seja revisto. Poderíamos apontar inúmeros itens nas
propostas legais que não atendem as necessidades artísticas, assim como
prejudica as proteções existentes nos marcos legais atuais, mas o fator tempo
neste momento se coloca contra nós, o que faz com que aguardemos uma melhor
hora para evocar tais argumentos.
18- Não
negamos o direito do Ministério da Cultura, modelar a atividade cultural de
acordo com seu entendimento, que tem se mostrado mais afeto ao viés
antropológico ao artístico, haja vista a tendência de vida e formação brilhante
de seus comandantes neste indicativo. Pessoas extremamente capazes no seu
afazer. Sabemos que tal compreensão não é unânime, porém se as artes não
fizerem parte dos seus propósitos, como deve realmente ser centrado firmemente
na formação e educação do ser, não restará alternativa ao mundo artístico, há
não ser lutar pela criação do Ministério das Artes.
1 19- Ainda
assim, não perdemos as esperanças e continuamos a insistir e, para que todos
saibam, é assim mesmo que o músico se forma: com Insistência, Estudo, Abnegação,
Esforço, Paciência, pois, para sermos músicos esses predicados são
imprescindíveis no ser e é dessa forma que aprendemos a sobreviver e superar os
tempos ruins, barreiras e obstáculos, com o governo ao nosso lado, sem o
governo e apesar dos governos.
2 20- Mas,
afinal, o bom filho a casa retorna e novamente aquela mesma chama que nos
atingiu há tempos atrás se reacende e nos leva mais uma vez a querer contribuir com esse
novo tempo que se anuncia, com o nosso novo Ministro, Juca Ferreira e seu
pessoal, com a esperança de que os equívocos cometidos neste período em que ele
esteve afastado sejam
corrigidos, assim como os caminhos iniciais que serviram como apontamentos para
aquilo que a categoria entende como o ideal seja retomado, ou seja, que o trem
volte aos trilhos.
21- Bem
vindo senhor ministro, é com prazer que anuncio que o Plano Nacional de Música,
já se encontra em consulta pública, como resultado desses 12 anos de trabalho
das equipes que se sucederam nesta tarefa e que nele depositaram seus
conhecimentos, energia e esperança.
22- Com
a firme convicção de que a Arte é a mais poderosa das forças e que atividade
cultural não precisa provar mais nada a ninguém do que é capaz, quem sabe agora
tenhamos a oportunidade de realizar aquilo que necessita de fato ser feito e
que se perdeu nas falas deste Ministério.
Muito
Obrigado.
Prezados (as) teremos Eleições para Câmaras Setoriais de Música em nível Estadual e Nacional nos próximos meses, seria interessante que os pretensos candidatos em participar do processo eleitoral dos Conselhos CNPC e Conselho Estadual leiam o Pronunciamento do Maestro Amilson Godoy ao senhor Ministro da Cultura
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